quarta-feira, 11 de maio de 2011

Bill Gates compra 150 milhões de dólares em ações da Apple e ajuda a tirar a empresa do fundo do poço

Em 13 - 08 -1997

Bill Gates, presidente e principal acionista da Microsoft, passou a última semana como tem passado todas as outras nos últimos anos: comprando ações de outras companhias. A diferença, desta vez, é que uma das compras causou comoção na bolsa americana e no mercado mundial de informática. Gates comprou 150 milhões de dólares em ações de uma empresa adversária, a Apple. O mercado se espantou porque até outro dia a Microsoft e a Apple queriam uma o fígado da outra, e agora se beijam em público. O anúncio da compra foi feito em grande estilo, durante a feira anual dos computadores Apple, a Macworld, que acontece todo ano em Boston. O pronunciamento de Steve Jobs, um dos fundadores da Apple, na abertura da feira, prometia injetar ânimo em todos. Mas ninguém esperava o que se seguiu. Apontando para um telão, Jobs anunciou um novo sócio que havia acabado de comprar um pacote de ações sem direito a voto. O sócio era Bill Gates. Foi um choque 

"Darth Vader converteu Luke Skywalker", exclamou um anônimo fã da Apple, comparando a empresa de Jobs ao mocinho de Guerra nas Estrelas e a Microsoft ao vilão mascarado do filme. O raciocínio foi repetido na Internet por milhares de fanáticos que vêem a Apple como um bastião da resistência às ambições de Gates. A Microsoft é um gigante que fatura 11,4 bilhões de dólares por ano, atua em 55 países e vale espantosos 166 bilhões de dólares. Com 22.000 funcionários, lucrou 3,4 bilhões de dólares no ano passado. Seus números são tão incríveis que um sócio de Gates, Paul Allen, vendeu 0,45% das ações da companhia na semana passada e recebeu em troca uma bolada de 700 milhões de dólares. A Microsoft detém 83% do mercado de sistemas operacionais, os programas que fazem funcionar os computadores. É um monopólio virtual.

A Apple, que produz os computadores Macintosh, reconhecidos como mais rápidos e eficientes que os micros comuns, os PCs, não é muito menor. Fatura quase 10 bilhões de dólares por ano e atua em 120 países. Só que, vítima de uma seqüência de erros estratégicos, a firma não conseguiu acompanhar o crescimento da indústria de informática nos últimos anos. Sua fatia de mercado estacionou em apenas 8%, e nos últimos meses a empresa atingiu o fundo do poço. As ações da companhia, que seis anos atrás chegaram a valer 70 dólares o lote, haviam despencado para 13 dólares. O prejuízo acumulado nos últimos dois anos chegava a 1,7 bilhão de dólares quando o presidente, Gilbert Amelio, foi demitido pelos acionistas. Para escapar do naufrágio, os investidores chamaram de volta Steve Jobs, um dos fundadores da empresa, que havia saído depois de um desentendimento com os sócios em 1985.

De olho na Sun -- A Apple saiu ganhando com a união da semana passada, nem tanto pelos 150 milhões de dólares investidos por Gates, mas porque sua simples aparição referendando as ações da companhia fez com que elas subissem 40% numa só tacada. A Microsoft também ganhou, porque graças ao acordo ela distribuirá, embutido em cada computador Macintosh, seu programa Internet Explorer. O Explorer é a cartada da Microsoft para entrar no mercado de programas de navegação na Internet, hoje dominado pela concorrente Netscape, com 70% de participação.

A longo prazo, o mercado acredita que Microsoft e Apple deverão aprofundar suas relações comerciais. Há meses técnicos das duas companhias vêm-se reunindo. A Apple promete lançar, em agosto de 1998, o Rhapsody, um novo sistema operacional, ainda em testes, que permitirá rodar, dentro do Mac, programas originalmente criados para PC. Quando duas empresas conversam, ninguém duvide, estão falando mal de uma terceira. No caso, técnicos da Microsoft e da Apple têm trocado informações sobre o crescimento de outra gigante, a Sun Microsystems, que fatura 7 bilhões de dólares e criou o Java, linguagem de programação que promete ser a sensação da informática nos próximos anos. As duas empresas querem criar programas que funcionem com o Java embutido, evitando assim que a Sun abocanhe uma fatia de mercado mais gorda do que a que já possui.

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