sexta-feira, 13 de maio de 2011

Facebook contratou empresa de comunicação para atacar Google

O Facebook contratou uma grande multinacional de assessoria de comunicação com o objectivo de conseguir cobertura mediática negativa em relação às práticas de privacidade do rival Google.

A rede social pagou à Burson-Marsteller, uma reputada agência de comunicação (que assessorou Hillary Clinton durante as presidenciais de 2008) para tentar fazer com que órgãos de comunicação investigassem a forma como o Google trata os dados dos utilizadores.

Nos contactos com a imprensa, a agência tentava passar a ideia de que uma funcionalidade muito pouco conhecida do Google, chamada Social Circles, desrespeitava orientações do regulador americano do sector e colocava problemas de privacidade, para além de violar os termos de utilização do próprio Facebook, cuja informação o Social Circles utiliza.

O Social Circles regista os contactos do utilizador no Gmail e no serviço de chat, bem como os contactos em redes sociais, blogues e em serviços de partilha de conteúdo. Surgiu como uma funcionalidade do Gmail, mas também é usado, por exemplo, para mostrar nos resultados das pesquisas conteúdos que tenham sido criados pelos contactos do utilizador em blogues e redes sociais.

Um dos jornais contactados pela empresa de comunicação, o USA Today, publicou um artigo em que notava que a agência andava a montar uma campanha anti-Google. Mas o jornal não conseguira identificar o cliente da Burson-Marsteller.

A agência também contactou um reputado blogger na área da privacidade, propondo-lhe que escrevesse um texto de opinião crítico do Google e oferecendo-se mesmo para o ajudar na elaboração e publicação do artigo. A empresa elabora uma lista dos órgãos de comunicação social em que está a pensar publicar o texto, entre os quais o Washington Post e o Huffington Post.

O blogger, um activista doutorando na Universidade do Indiana chamado Christopher Soghoian, não aceitou escrever o texto e publicou a troca de e-mails na Internet.

Hoje, o veterano jornalista americano de tecnologia Dan Lyons descobriu que foi o Facebook a pagar pela campanha junto dos media – e o site acabou por confirmar a descoberta.

“Nenhuma campanha ‘suja’ foi autorizada ou pretendida”, argumentou o Facebook, em comunicado. “Em vez disso, queríamos que terceiros verificassem que as pessoas não aprovam que o Social Circles do Google armazene e use informação das suas contas no Facebook – tal como o Facebook não aprovou”.

A nota afirma ainda que o Facebook procurou a Burson-Marsteller “para chamar a atenção para este assunto, usando informação publicamente disponível, que pudesse ser verificada independentemente por qualquer organização de media ou analista”.

Após o Facebook ter admitido ser o cliente, a agência de comunicação também reagiu – afirmando que não deveria ter aceite a tarefa.

“O cliente tinha pedido que o seu nome não fosse revelado, argumentando que estava simplesmente a pedir que fosse mostrada informação publicamente disponível e que poderia por isso ser replicada independentemente e facilmente por qualquer orgão”, explicou a Burson-Marsteller.

Porém, o argumento não devia ter sido aceite, diz a própria agência: “Qualquer que seja a razão, isto não foi de todo o procedimento padrão e é contra as nossas políticas e o pedido deveria ter sido recusado”.

A campanha junto dos media surge quando o próprio Facebook enfrenta mais um problema relacionado com a privacidade dos utilizadores. Esta semana, a Symantec descobriu que algumas aplicações do Facebook passavam inadvertidamente a anunciantes e outras empresas um código que permitia aceder a dados do perfil de cada utilizador.

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